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Descendentes de italianos contam as histórias de suas raízes e suas relações com a imigração 1io3c

Marcas dos anteados persistem na vida e nas famílias ao longo de gerações

Descendentes de italianos contam as histórias de suas raízes e suas relações com a imigração 1io3c

Marcas dos anteados persistem na vida e nas famílias ao longo de gerações

Com a Grande Imigração Italiana, muitas famílias formaram raízes em Brusque e região, estabelecendo-se ao longo de gerações, desde 1875. Alguns descendentes de italianos e tiroleses de língua italiana se mantêm conectados à história de seus anteados, mantendo uma história genealógica mais que sesquicentenária.

Quatro gerações atrás 1j393i

O escritor brusquense Saulo Adami é um destes descendentes. Possui vasta documentação e conhecimento de diversas gerações de sua família. Os anteados italianos que chegaram à região foram seus trisavós, Leopoldo Giuseppe Adami e Amalia Lucia Panizza. Leopoldo nasceu em 10 de março de 1838 em Calliano, comuna localizada no Trentino-Alto Adige que possui, hoje, pouco mais de 2 mil habitantes. Fica a menos de 20 km de Trento, capital da província homônima.

“O casamento foi celebrado em 16 de setembro de 1871. O casal teve os dois primeiros filhos nascidos em Calliano de Trento: Domenico Leopoldo, em 5 de fevereiro de 1873, e Giovanni Augusto, em 6 de agosto de 1875, batizados na Paróquia San Lorenzo; os outros dois: Luigi (1877) e sco Giuseppe (1882) nasceram no Brasil”, explica Adami. A família se estabeleceu em um lote no território do atual município de Nova Trento.

Conforme as pesquisas do escritor, a família partiu rumo ao Brasil em 26 de setembro de 1875, com seus dois filhos e o irmão mais velho de Leopoldo, Ignazio Michele Adami. O navio que chegou ao Brasil saiu de Le Havre, na França, com partida marcada às 8h de 1º de outubro, no horário local.

Há o registro de uma carta escrita por Amalia na véspera da partida. Traduzida e com correções e ajustes feitos por Saulo Adami, os destinatários são os pais de Amalia e sua sogra, mãe de Leopoldo:

“Le Havre, 30 de setembro de 1875.

Caríssimos pais e minha segunda mãe: venho deixá-los saber que esta manhã chegamos ao porto e, com a ajuda de Deus, bastante sadios. Tivemos uma viagem feliz, até aqui. Amanhã, às 8 horas, embarcaremos e esperamos que Deus nos acompanhará. Assim, lhes peço que digam algumas ave-marias, e que se o Senhor me achar digna, lhes renderei.

Digo-lhes que tivemos sorte tendo junto o senhor Pacífico Rella, que fez todo o possível, que fez mais do que um pai para seus filhos porque um pai faz de tudo, assim também ele se deu de corpo inteiro para poder conduzir-nos ao porto com rapidez – ao contrário daqueles que partiram dia 23, os encontramos pela estrada antes de chegar em Paris, sempre vivendo de seus gastos. Imaginem se teria acontecido assim também a nós, mas não temos língua para agradecer a ele.

Domingo, às 2 horas, chegamos em Verona. Lá paramos até a manhã seguinte, às 8 horas. Depois, sempre diretos, chegamos no dia seguinte às 5 horas da tarde. Ao chegarmos em Paris, lá na estação ferroviária havia uma fila de carroças de tração dupla, onde montamos todos e nos levaram para por toda Paris, belíssima cidade. Chegamos às 8 horas ao porto. Outra coisa não posso dizer-lhes além de saudá-los calorosamente. Todos juntos mandam-lhes beijos. Os pequenos não têm mais na memória seus povoados.

Saúdem suas cunhadas, saúdem todos os parentes e amigos e reverenciem muito o senhor Zanini e sua família e o senhor Pacífico e sua família. Estaremos com os braços abertos esperando também vocês. Tenham a coragem que tivemos nós, Deus os ajudará. Adeus, adeus, adeus todos! Perdoem minha má escrita porque o tempo não me permite.

A filha de vocês e nora, Adami Amalia”.

“Não conseguimos localizar a lista de ageiros que veio com eles para o Brasil, mas o que sei é que vieram para cá pelos mesmos motivos dos demais e para fazer as mesmas coisas: trabalhar na terra colonial e fazê-la produzir para todos pudessem prosperar. A vida na Itália estava difícil, muitas guerras e muita exploração por parte do governo, que tirava mais do que oferecia aos seus compatriotas”, comenta o escritor.

Ao longo de sua vida, Saulo Adami teve poucas conexões com suas raízes italianas, fazendo um contato mais significativo apenas por meio de trabalhos nos últimos anos. A elaboração de roteiros para documentários sobre comunidades e famílias catarinenses tornou o contato com as tradições italianas mais frequente e próximo.

“Na infância e adolescência, convivi com meus avós paternos e maternos no Arraial dos Cunhas, interior de Itajaí. E com parentes que visitávamos ou que nos visitavam, alguns deles falavam o idioma de origem. Uma língua com a qual fui me inteirando, mas nunca falei, nem dialeto”, explica.

Outros trabalhos de Adami relacionados à história da imigração italiana incluem a websérie “Fratelli Trentini”, coprodução entre a Griô Filmes e a editora Estrada de Papel. São quatro episódios de entrevista com o sociólogo e doutor em história Renzo Grosselli, na qual o italiano relembra seu trabalho sobre a imigração no Brasil.

O trabalho é o que o escritor vê de mais marcante e de legado de sua ancestralidade italiana. “Todos se dedicavam intensamente às suas tarefas e profissões, o que me inspirou a seguir seus exemplos. Meus anteados eram ligados à agricultura, e todos os filhos homens dos meus avós paternos foram empreendedores, seja na agricultura – com seus engenhos e outras atividades – seja no comércio e na indústria.”

Ainda assim, esta tradição de sua família encontra nele próprio uma variação. “Era comum alguém dizer que “Adami não trabalhava de empregado, era dono de negócio”. Isso, é claro, com a agem do tempo, geração após geração, mudou um pouquinho. Só um pouquinho. No meu caso, fui empregado e hoje sou autônomo”, explica, com bom humor. Saulo Adami é escritor desde 1980, com mais de 150 títulos publicados. Muitos deles são sobre a história de municípios catarinenses.

Em meio a este trabalho, tem vasto conhecimento da genealogia de sua família, desde os pais do imigrante Leopoldo. “Havia, entre os anteados Adami, uma tradição que deve ter dado muita enxaqueca aos genealogistas. Ao longo de pelo menos cinco gerações, o filho homem ou se chamava Nicolai, Nicolò ou Michele.”

Em seu livro Cancionata, Adami resgata momentos de revolta dos colonos no distrito de Nova Trento e o episódio da vida de Leopoldo Adami em que foi torturado por autoridades distritais. O anteado faleceu em decorrência de um enfisema pulmonar, anos depois, em 1884.

Certidão de batismo de Leopoldo Giseuppe Adami (1838). Acervo de Rosana Adami Mattioda.
A certidão de batismo de Leopoldo Adami, emitida em 2003 | Rosana Adami Mattioda/Arquivo pessoal

O primeiro professor de Nova Trento 223718

O professor Sérgio Rubens Fantini é vice-reitor do Centro Universitário da Fundação Educacional de Brusque (Unifebe), e seguiu uma tradição que remete à história de sua família. Seu bisavô, Virginio Fiorenzo Fantini, foi o primeiro professor da história de Nova Trento.

Em 24 de fevereiro de 1849, nascia Virginio Florenzo Fantini, em Cumiano, na região do Piemonte, norte italiano, a poucos quilômetros de Turim. Filho de agricultores, chegou ao Brasil em 1876 e se estabeleceu em lote localizado na atual Nova Trento. Conforme relata Sérgio, Virginio Fantini casou-se com a tirolesa sca Giacinta Spagnoli em 27 de fevereiro de 1876, na Paróquia São Luiz Gonzaga, em Brusque.

Nove anos depois, em 1887, o italiano foi contratado pelo governo de Santa Catarina para ser professor escolar na casa do imigrante Celeste Giacomelli. “Os colonos fundaram duas escolas, sendo uma para alemães e outra para italianos, e contrataram o Virgínio para ser o professor para os italianos”, resume Sérgio.

Virginio e sca tiveram 14 filhos. O mais novo, João Modesto Fantini, nascido em 1902, é o avô de Sérgio Rubens Fantini. Virginio faleceu um ano depois, em 1903, com 54 anos, em Nova Trento, onde foi sepultado.

João Modesto se casou com Tereza Habitzreuter. Dos sete filhos, permanecem três filhas vivas, vivendo em Brusque. O filho mais velho, Antonio Orlando Fantini, é o pai de Sérgio Rubens Fantini.

ados 120 anos de sua morte, Virginio Fantini foi motivo de uma reunião da família Fantini. Por ter sido o primeiro professor de Nova Trento, recebeu homenagens na festa Incanto Trentino. A ocasião reuniu diversos membros da família, muitos dos quais tiveram a oportunidade de se conhecerem justamente na festa. Desde então, outros encontros já foram realizados.

“Assim como o Virgínio, temos muitos professores na família, entre netas ainda vivas, bisnetos, trinetos, tetranetos”, afirma Sérgio Rubens Fantini, que começou a lecionar em 1980.

Ser professor não era seu plano inicial. O convite do então diretor do Colégio São Luiz, em Brusque, foi fundamental nos rumos de uma carreira que já tem 45 anos.

“Recém-formado em Processamento de Dados, fui convidado pelo Padre Orlando Maria Murphy para ser professor desta disciplina no ensino médio do Colégio São Luiz. Atuei por 6 anos, de 1980 a 1985, sendo que em 1985 também lecionei no Colégio Cônsul Carlos Renaux, com a mesma disciplina para o Ensino Médio”, relata.

Desde 1991, Fantini é professor da Unifebe. Em 2002, participou da criação do curso de Sistemas da Informação, do qual foi professor até 2019, conciliando trabalhos na iniciativa privada. Desde 2019, é vice-reitor e pró-reitor de istração da Unifebe e vice-presidente da Fundação Educacional de Brusque (Febe).

O legado italiano se traduziu na obtenção da cidadania italiana. “Muitos familiares descendentes do Virgínio já obtiveram a cidadania italiana. Tanto eu como minhas duas filhas e minha neta já temos o processo concluído, com aporte em mãos. Fizemos o processo via judicial direto na Itália, sendo que do início até o final levou cerca de 2 anos”, explica. Atualmente, os processos para obtenção da cidadania am por mudanças mais restritivas no parlamento italiano.

“Minha filha Franciele já esteve na Itália, mas não teve a oportunidade de visitar o local das nossas origens. A viagem dela foi de curta duração e para outra região. Está nos nossos planos visitar a Itália, e, se possível, conhecer melhor a região de onde veio o bisavô Virgínio”, finaliza.

Séculos de tradição f773

Entre as famílias de trabalhadores e camponeses italianos que vieram a Brusque na Grande Imigração italiana, estava também uma família tradicional, descendente da nobreza do Vêneto. É o caso dos Zen, sobrenome tradicional e que deixa sua marca no berço da fiação ao longo de gerações.

Há registros da família Zen desde a Idade Média, estabelecida na região de Veneza, com alguns personagens históricos com sobrenome com a variante “Zeno”. Um exemplo é Ranieri Zeno, doge (autoridade máxima) da República de Veneza de 1252 a 1268.

O empresário José Carlos Zen é um dos descendentes dos Zen que vieram ao Brasil. Possui a cópia de um documento do Consiglio Araldico Italiano (instituição de pesquisa dedicada à história da nobreza e burguesia italianas) que resgata parte da história da família.

Seus bisavós, Pietro Abramo Zen e Anna Teresa Bernardi, chegaram à Colônia Itajahy em 1875, durante a Grande Imigração Italiana, e formaram um sítio. O bairro Poço Fundo foi onde a família se estabeleceu. Seu pai, Hylário Zen, foi um industrial, prefeito de Brusque de 1997 a 2000.

“Registros documentam a chegada de membros da família a Santa Catarina, como Pietro Zen (casado em Brusque em 1876) e Andrea Zen (chegado com a família em 1877). Estes ramos, vindos do Tirol e do Vêneto, estabeleceram-se em localidades como Brusque, Nova Trento e Botuverá, integrando-se à sociedade local e fundando novas gerações por meio de casamentos com outras famílias de imigrantes”, explica José Carlos.

“A trajetória da família Zen no Brasil culmina com a fundação da empresa Zen S.A., em 1960, por Nelson e Hylário Zen, inicialmente em São Paulo. Em 1974, a empresa transferiu-se para Brusque, consolidando-se como uma das principais fabricantes brasileiras de peças automotivas. Sua história simboliza a integração entre o legado europeu e o desenvolvimento econômico de Santa Catarina”, completa.

Pietro Zen Anna Bernardi Zen imigração italiano
A família de Pietro e Anna Zen | Foto: Família Zen/Arquivo pessoal

Pietro Zen nasceu em 1853, na Itália, e faleceu em 1926. Sua esposa, Anna, foi a principal responsável em ar adiante a memória do imigrante italiano na família. Assim relata Hylário Zen em seu livro, “O Menino do Poço Fundo”, de 2013. Anna havia nascido em 1857 na comuna de Roncegno, no Trentino-Alto Ádige, à época parte do Império Áustro-Húngaro. Faleceu em 1948.

“Um dos fatos mais marcantes era a entrada indiscriminada de colonos na região, sem que a istração da colônia conseguisse assentá-los devidamente, por falta de planejamento logístico. Devido a isso, faltava-se de tudo e os colonos tinham que usar a criatividade e improvisar, com o objetivo de suprir suas necessidades básicas”, reconta Hylário Zen no livro.

José Carlos possui cidadania italiana e, além do aporte, tem uma carteira de identidade emitida no país. Já visitou Roncegno para se conectar com as raízes da família.

“De nossos anteados herdamos a convicção de que o trabalho enobrece, a família forma o caráter e a participação social dá sentido à vida em comunidade”, resume.

família Zen documento Consiglio Araldico Italiano
O documento do Consiglio Araldico Italiano | Imagem: Reprodução

Santa Paulina 1q4624

Talvez seja Santa Paulina a pessoa mais conhecida a ter vindo ao Brasil em meio à Grande Imigração Italiana. Amabile Lucia Visintainer nasceu em Vigolo Vattaro, comuna a poucos quilômetros de Trento, em 16 de dezembro de 1865. Em 1875, antes de completar 10 anos, iniciou a viagem com a família ao Brasil, estabelecendo-se no então distrito de Alferes, que se tornaria distrito de Nova Trento a partir de 1876.


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Brusquense, Ivete Appel foi escolhida Brotinho do Mês do Carlinhos Bar nos anos 60:


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