O incentivo da empresa representa metade do caminho para a qualificação do colaborador. Quando a organização compreende a importância da educação e oferece oportunidades ao trabalhador, percebe de imediato que está fazendo a diferença não apenas para o crescimento dos seus negócios, mas para a sociedade.Em Brusque, três empresas têm se destacado quando o assunto é o apoio à formação de seus colaboradores. Zen S.A., Irmãos Fischer e RC Conti já compreenderam que a educação é a base para o desenvolvimento e, por isso, investem pesado na qualificação em todas as suas formas.

As três organizações auxiliam seus colaboradores com o pagamento de cursos de graduação, técnicos, de idiomas e especializações. Além disso, fazem um trabalho de qualificação e treinamento dentro das suas instalações, com foco na melhoria de cada setor, no trabalho em equipe e no crescimento pessoal de cada um.

Os resultados de todo esse investimento são vistos e comemorados ano após ano. A gerente de Recursos Humanos da Zen, Schirlei Knihs Freitas, afirma que grande parte da melhora dos índices de produtividade e qualidade da fábrica nos últimos anos se deve à qualificação dos colaboradores.

No ano ado, por exemplo, a Zen conseguiu reduzir o seu custo de não qualidade em 44%, já a satisfação do cliente aumentou em 20%. O número de acidentes de trabalho também ficou abaixo da média.

“Quando o colaborador tem o à educação, se qualifica, a visão dele é ampliada. Ele consegue fazer análises diferentes, o pensamento é crítico e assim contribui com a empresa nas decisões que precisamos tomar, nos riscos que precisamos assumir para garantir a sustentabilidade do negócio”.

Educação no DNA

Atuando há 56 anos no mercado, desde o início a Zen viu na educação a fórmula do sucesso. Logo nos primeiros anos, quando a empresa veio de São Paulo para Brusque, seus fundadores se preocupavam em oferecer treinamentos e capacitações para os funcionários.

De lá para cá, o incentivo à qualificação virou uma rotina e marca registrada da maior fabricante independente de impulsores de partida do mundo. Hoje, a empresa conta com 850 colaboradores, a maior parte do quadro tem graduação, especialização ou curso técnico completo.

Há dois anos, um chamado coletivo: o presidente da empresa fez uma carta nominal para cada colaborador que ainda estava com o ensino médio incompleto, convidando-os a concluir os estudos. “Em parceria com o Sesi e o Senai fizemos esse programa para a elevação da escolaridade. A turma se formou no ano ado. Eles concluíram o ensino médio e já fizeram um curso profissionalizante junto”, diz Schirlei.

Internamente, a empresa também investe na capacitação de seus colaboradores. Em 2014, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e do Serviço Social da Indústria (Sesi), inaugurou a Academia do Saber. Com 300 metros quadrados, o espaço possui duas salas de treinamento e uma sala equipada com computadores e recursos multimídia. No local, são realizados diversos cursos para colaboradores e familiares.

Foco na elevação da escolaridade

A Irmãos Fischer iniciou o trabalho de escolarização de seus colaboradores há quase 15 anos. Tudo começou com uma parceria entre a indústria e o Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), que resultou no Projeto de Ensino Modularizado nos Ensinos Fundamental e Médio e no projeto Avançar é Preciso (Telecurso 2000), em que a empresa incentivava seus trabalhadores a participarem das aulas de alfabetização, de Ensino Fundamental e Médio.

Em 2011, a Irmãos Fischer fez parceria com o Sesi e de 2012 até 2015, 92 colaboradores da empresa concluíram o ensino básico por meio do projeto. Hoje, a empresa conta com uma média de 750 colaboradores. Desses, 192 possuem apenas o ensino fundamental; 426 têm o ensino médio e somente 132 colaboradores possuem o ensino superior.

O objetivo da empresa é fazer com que todos os funcionários tenham, pelo menos, o ensino médio completo. “Estamos sempre nesta busca de incentivar os estudos. A nossa vontade é ter todos com o ensino médio, mas sabemos que atingir 100% é difícil”, diz a coordenadora de Recursos Humanos, Magali Cristina Fischer.

Até o ano ado, as aulas aconteciam dentro da própria empresa, após o horário de trabalho. Neste ano, porém, devido ao baixo número de colaboradores inscritos, as aulas ocorrem no Sesi. Com isso, 72 trabalhadores da empresa estão dando mais um o no caminho rumo à educação.

No entanto, todo o incentivo dado pela empresa não basta. É preciso que o colaborador tenha interesse e saiba da importância da educação para a sua vida.  “Eles precisam entender que o crescimento não é para a empresa, é pessoal. A pessoa que faz a carreira dela, que constrói seu caminho dentro da organização”, diz a coordenadora de RH.

Estímulo para o crescimento

Além de estimular a conclusão do ensino básico, a Irmãos Fischer também oferece cursos de capacitação que são realizados dentro do horário de trabalho e fora do expediente. Os colaboradores têm cursos de Informática, Libras, e também aulas relacionadas às suas funções, estimulando, principalmente, o trabalho em equipe.

A participação, em muitos deles, é voluntária e a direção também já começa a colher os frutos. “Com os cursos, os funcionários trouxeram muitas sugestões de mudança e a empresa valoriza essas atitudes, quer ouvir o funcionário, quer sugestão, quanto mais conhecimento eles têm, mais podem contribuir com a empresa”, afirma Magali.

Para progredir dentro da empresa, a escolaridade é o fator principal. Por isso, quando há vagas abertas, a indústria dá preferência para os colaboradores que já estão trabalhando e investindo na qualificação.

Contudo, a empresa ainda dá chances para aqueles que não têm o ensino básico completo ingressarem na indústria, porém, um dos critérios para a contratação é a intenção de continuar os estudos. “Essa é uma das primeiras perguntas que a gente faz. A gente até contrata, mas direciona para a continuidade dos estudos, afinal, não queremos excluir ninguém, todos têm que ter a sua chance. A preferência, no entanto, é para quem tem, no mínimo, o ensino médio completo”.

Educação continuada para crescer

Em 2011, a RC Conti – fábrica de pijamas da marca Mensageiro dos Sonhos – começou o trabalho de educação continuada dentro da empresa. O principal objetivo do programa é trabalhar o comportamento dos colaboradores, por isso, a empresa optou por treinamentos que ajudam a melhorar os pontos fracos do comportamento, enaltecendo as competências.

Todos os treinamentos são feitos durante o horário de trabalho e fazem o colaborador sair de sua zona de conforto. Os resultados dessa iniciativa são perceptíveis dia após dia.

O diretor de Recursos Humanos, Jorge Marcos, diz que com esse estímulo, os trabalhadores conseguem refletir e a empresa atinge o chamado tripé da competência: conhecimento, habilidade e atitude.“Conhecimento e habilidade eu posso dar. Atitude não. Isso é da própria pessoa. Nós não obrigamos ninguém a estudar, nós mostramos para a pessoa a importância de voltar a estudar e se qualificar”.

A empresa montou um centro de treinamento onde acontecem os cursos. Além disso, também estimula os colaboradores a concluírem o ensino básico e iniciarem cursos técnicos. Hoje, todo o setor istrativo da empresa tem curso superior ou especialização.

A organização sentiu muita dificuldade no início, porque a maioria dos colaboradores estava fora da sala de aula há muito tempo. Depois de muita motivação, a iniciativa ou a fazer parte da rotina dos trabalhadores. Hoje, eles já estão tão acostumados com esse incentivo à qualificação que muitos foram se aperfeiçoar por conta própria, buscaram cursos técnicos e até mesmo iniciaram uma faculdade. A produtividade da empresa também melhorou muito após o início deste projeto.“Não existe outra fórmula, que não a da educação. É fundamental que a empresa tenha essa visão, treinamento também é educação. É um trabalho que começamos em 2011 e agora estamos colhendo frutos”.