O talento no ramo do couro e dos calçados sempre esteve presente na família Caetano. Hoje, a semente plantada há muitos anos, com a pequena fábrica de calçados do seu Arno Caetano, que ou o ofício para o filho, Waldir Jorge Caetano, se transformou em um belo fruto: a WJ órios.

Há 31 anos no mercado, a WJ atualmente é comandada por Jussara, Marcelo e Murilo Caetano, três dos quatro filhos de Waldir Jorge, cujas iniciais deram nome à marca que, a cada ano, desperta olhares e atrai clientes em todo o país.

A marca nasceu após um período difícil enfrentado pela família. No início dos anos 1980, a pequena fábrica de calçados que funcionava nos fundos da casa dos pais de Waldir Jorge foi consumida por um grande incêndio. A família perdeu tudo e precisou de tempo para recomeçar.

ados alguns anos, decidiu começar de novo. Desta vez, com uma pequena produção de cintos na garagem da própria casa. A WJ dava, então, seus primeiros os. “Meu pai conseguiu uma máquina de costura emprestada e começou a fazer cintos, porque não precisava de muito maquinário, era só cortar retinho”, conta Jussara Caetano dos Santos, 46 anos, diretora de criação da marca.

A fábrica de cintos deu muito certo e com a ascensão da rua Azambuja, uma pequena lojinha foi instalada lá. Jussara, então com 20 anos, era a responsável pela loja. “Sempre joguei vôlei em Brusque, mas meu pai pediu para eu cuidar da loja. Como sempre gostei muito de esportes, me formei em Educação Física, e nunca pensei que ficaria tão envolvida com a WJ”, diz.

Mesmo tendo outros planos, o talento de Jussara logo aflorou. No início da loja em Azambuja, a jovem deu a ideia de vender algo mais do que os cintos. “Começamos a fazer mochilas de nylon. Desenhei três tamanhos e começou a vender bem. Aí depois começamos a fazer chinelo com o mesmo nylon para combinar com a mochila e deu certo. Comecei a desenhar os produtos com meu pai e não consegui sair mais dessa. Estou há 26 anos na WJ”, lembra.

Depois da rua Azambuja, a WJ foi para um espaço maior, tornando-se a primeira loja a fazer parte do centro comercial FIP, onde continua até hoje. Atualmente, a marca conta com 16 lojas, 13 em Santa Catarina e três no Paraná, além da loja online, onde registra compras de clientes de todo o país diariamente. Além dos estabelecimentos próprios, a WJ está também nas principais lojas multimarcas do país.

A WJ conta hoje com 200 funcionários diretos, nas lojas e fábrica, e cerca de 400 indiretos.


Da produção para grandes marcas à exclusividade 6ux6v

No início, além de produzir para a própria loja, a WJ também fabricava órios para grandes marcas como Lilica Ripilica, Colcci, Naguchi e Tigor. Jussara destaca que naquela época, as grandes marcas não tinham um setor específico para o desenvolvimento de órios, por isso, a WJ ganhou visibilidade neste segmento.

“Eu desenhava coleções inteiras e mandava. As marcas selecionavam e depois mandavam produzir com a gente”.

A parceria com as grandes marcas, entretanto, durou somente alguns anos. Jussara percebeu que as limitações impostas pelas marcas poderiam tirar mercado da WJ e, por isso, decidiu criar exclusivamente para a marca brusquense.

“Se a moda era strass, por exemplo, não poderíamos ter em nossa loja nada que tivesse strass, era a recomendação das marcas. Trabalhamos com moda, se não tivermos os produtos que são tendência, não sobrevivemos. Aí resolvi criar apenas para a nossa marca, pois eu tinha muita ideia boa que acabava reando para os outros”, diz.

Hoje, a produção continua sendo apenas para a WJ e além de órios como bolsas, cintos e carteiras, também são fabricados calçados tanto feminino, como masculino.


Internacionalização da produção em busca de qualidade n5y1j

Em busca de mais qualidade para seus produtos, há dez anos a WJ decidiu investir na China. Jussara participou da Canton Fair, uma das maiores feiras de importação e exportação do mundo, realizada anualmente em Guangzhou, em busca de parcerias.

Lá, encontrou diversas fábricas que poderiam fabricar os produtos da WJ e iniciou as tratativas para internacionalizar a produção. Ainda durante a feira foi feita uma pré-seleção dos fornecedores, e posteriormente, foram enviados modelos para produção, até se chegar nas parcerias ideais.

Hoje, a WJ conta com seis fábricas chinesas terceirizadas que fabricam todos os produtos sintéticos da marca. “Escolhemos a China pelo custo da mão de obra e também pela qualidade do material, hoje a China tem o melhor material sintético do mundo e no Brasil temos o melhor couro, então dividimos a nossa produção. Lá, fazemos os sintéticos e em Brusque os produtos de couro”, explica.

Dois escritórios brasileiros fazem todo o controle de qualidade dos produtos na China. Jussara desenha a coleção em Brusque e todos os modelos que serão feitos com material sintético são enviados para a China junto com suas respectivas medidas. Quando todas as peças estão prontas, Jussara vai até a China para aprovar cada produto.

“Antes eu ficava mais de um mês lá. Agora, como está tudo redondinho, eles já sabem a minha forma de trabalho, fico poucos dias lá. Quando eles fazem os ajustes necessários, monto a produção toda lá e volto para o Brasil com a coleção pronta. A coleção inverno 2018, que foi feita lá, por exemplo, já está pronta”, diz.

Na China, são produzidos uma média de 200 modelos de bolsas, 30 de carteiras e 20 de cintos. Em Brusque, a coleção fica completa com as peças em couro, cerca de 180 modelos de calçados e mais uns 30 de bolsa por coleção.

Jussara ressalta que a decisão de levar parte da produção da WJ para a China foi muito bem pensada. “Somos uma empresa muito pé no chão, avaliamos cada o dado. Não podemos errar, ainda mais nos dias de hoje. Teve todo um planejamento antes de levarmos a produção para lá”.


Produzir novidades é a chave para se manter forte 5v261d

Jussara afirma que a WJ é uma marca que se reinventa a cada coleção, por isso, se manteve firme e crescendo mesmo no período de crise. São lançadas duas coleções por ano – inverno e verão – e a produção tanto em Brusque quanto na China é constante.

“Trabalhamos sempre com um ano de antecedência, por isso, é preciso sempre estar ligada nas novidades. Eu viajo muito para fazer pesquisas, vejo muito desfiles, revistas, porque preciso sentir o que será tendência, não posso errar em nenhuma coleção”, diz.

A autenticidade e exclusividade, que se tornaram marcas da WJ, também garantem o sucesso da marca em qualquer época. “A crise foi um baque para todo mundo, mas se tu tens uma empresa que é pé no chão, que não faz loucuras e que trabalha sempre com novidades, vai ar por este momento”.

“As pessoas que vivem da cópia, não sobreviveram. A criação é a base de tudo. Se tu coloca algo diferente na vitrine, vai vender. As pessoas não querem nada mais igual. Cada coleção nova tem que ser um choque. Esse é o segredo”, completa.

Na WJ, as novidades não se resumem apenas aos produtos. As campanhas de cada coleção são muito bem pensadas para causar impacto e atingir as clientes. A primeira campanha internacional da marca foi em Paris, na França. Ainda inexperientes, a campanha foi dentro das possibilidades da empresa. O resultado, entretanto, foi muito maior do que o esperado. “Fizemos algo mais simples e o resultado foi muito bom. A partir daí, foi acontecendo uma atrás da outra, mas sempre com os pés no chão”.

Depois de Paris, a marca realizou campanhas no México, Islândia, Itália e nos Estados Unidos. A mais recente, da coleção inverno 2017, filmada em Nova York, inclusive, foi premiada no Prêmio Bokeh Fashion Film Festival, promovido pela Mercedes-Benz, na categoria Best Fashion.


Novas lojas e expansão da marca no país 434e71

Para o futuro, a marca já planeja abrir novas lojas, seguindo o modelo da recém-inaugurada no Centro de Brusque, com autoatendimento. “O que trouxemos para a loja de Brusque é o que vemos de melhor na Europa. Essa é a tendência e está dando muito certo”, comenta.

A marca também pretende investir muito em mídia externa, como forma de alavancar ainda mais o nome WJ no mercado nacional. A diretora de marketing da marca, Paula Caetano, representante da quarta geração da família, também tem um projeto inovador para as mídias sociais da marca.

O projeto My WJ, que ainda está em fase de execução, vai selecionar 20 mulheres dos mais variados estilos e profissões para explorar os produtos da WJ a partir do seu próprio ponto de vista.

“São pessoas com conteúdo, que tem histórias relevantes para contar. Queremos fugir desse estereótipo das blogueiras, digital influencers e partir para algo inovador, que agregue conteúdo e que seja a cara da marca”.